quarta-feira, setembro 27, 2006

È daquelas coisas....


Sempre é verdade, somos mais felizes quando permanecemos na ignorância.
Olha eu, sempre pensei que via bem, depois fui-me apercebendo que se calhar isso não era uma verdade absoluta.
Mas nunca me senti afectada por isso. Ou talvez tenha sentido de certo modo pois marquei uma consulta no optometrista.
Hoje confirmou-se, a saúde dos meus olhos não é a melhor. Também não é nada de grave, mas implica o uso de óculos para aquelas tarefas que exigem mais dos olhos. O computador, a condução, os livros e a televisão.
No fundo isto é só cansaço misturado com um ligeiro défice da minha visão ao longe (que frustrante que é não conseguir descodificar aquele borrão de letras no quadro lá ao fundo), nada de especial mas que exige atenção da minha parte para que no futuro não se torne pior.
Lá fiquei eu um bocadito triste, e ainda por cima neste estado de tristeza latente pela certeza de algo que já se supunha ainda tive que empreender a penosa tarefa de escolher uns óculos. è que os há para todos os gostos e feitios. E parece que tudo se usa…
Que stress…
Para não falar claro na conta que me apresentaram depois de tudo escolhido!!!
Já não se pode ver mal em Portugal…
Digam lá que eu não estava mais feliz sem ter lá ido…
È daquelas coisas…

terça-feira, setembro 26, 2006

Esta sensação de não estar aqui.
Isto que sinto sem nexo. Sem nexo porque não o reconheço. Não reconheço estas dúvidas, não reconheço esta força, esta vontade, este querer.
Não reconheço tudo isto que se mistura em medo, numa outra sensação de perda constante de algo, desta coisa que é sentir a falta de algo que ainda temos. Sentir que ainda temos algo mas que este ter é diferente, que se muda todos os dias a caminho da extinção total. E eu sinto. Sinto o ar que respiro, sinto o sol na pele, sinto o vento nos meus cabelos, sinto a frescura da água que bebo. Sinto tudo, sinto-me viva. Sinto-me em corrida contra o tempo para tentar evitar esta coisa, esta perda que ainda não existe mas vêm a caminho...
Devíamos poder congelar o tempo e vivê-lo sempre, ininterruptamente, como se ele continuasse a passar...

Mudar não é mau, não deve ser....

segunda-feira, setembro 25, 2006

O Sol


“Com um formato tablóide, um preço de dois euros e páginas impressas a cor, o novo jornal anunciou de início os seus grandes propósitos: ser incómodo mas não destrutivo, claro mas não superficial, político mas não partidário.”

“O sol diferencia-se da grande maioria dos jornais portugueses por não se integrar em qualquer grupo de comunicação.”

“Um jornal que vale por si. Este semanário não oferece brindes nem faz promoções.”

Aqui temos o novo semanário português apresentado por quem o faz. Encontro alguma audácia em algumas palavras, mas devo reconhecer que a falta desta, vota desde o início, os projectos ao fraco sucesso.

Apresenta-se um jornal cheio de cor, com o recurso ao desenho e às caricaturas que dispensa grande parte do seu espaço na secção Política e Sociedade, mas que também o faz com secções muito mais lights e femininas por assim dizer, é o caso da secção Intervalo que se dedica a temas como a saúde, o estilo de vida em que fala por exemplo de produtos de beleza, culinária e televisão.

As figuras públicas que têm o seu espaço de opinião são muitas, algumas delas já não são estreantes nestas lides, e de certo modo formam um grupo um tanto ou quanto ecléctico. Temos pessoas de direita e de esquerda, é o caso dos irmãos portas, temos Margarida Marante e Margarida Rebelo Pinto, nesta edição a primeira fala de Isaltino Morais a segunda questiona a importância do Kamasutra, temos António Pedro Vasconcelos que nos fala de poesia, Luís Filipe Borges que usa a sua veia humorística para falar de coisas importantes e Marcelo Rebelo de Sousa que dá a cara por um página em jeitos de blog. Entre muitos outros que opinam sobre assuntos tão díspares como as regras de etiqueta que se devem respeitar à mesa e a economia passando sempre pela política e o estado da nação.

A revista Tabu encaixa perfeitamente no protótipo de suplemento do jornal de sábado. Reportagens alargadas sobre personalidades, momentos históricos, viagens, culinária, estilos de vida, etc. Não me parece que venha acrescentar alguma coisa nesta área. Sabe sempre bem ganhar uma revista com o jornal, muitas vezes esta faz com que nem prestemos atenção ao mesmo. Mas estava realmente à espera que esta Tabu fosse mais inovadora.

Quanto ao jornal em geral, agrada-me a ideia de que este é uma instituição independente de qualquer grupo económico e político. Todos sabemos que actualmente se vive numa fase de aglomeração dos grandes meios de comunicação em dois grandes grupos económicos o que, quanto a mim, põe em causa certos valores de isenção e principalmente eleva a guerra pela disputa do domínio do mercado aos pontos a que se tem assistido, principalmente quando se fala em televisões.

O aparecimento de um novo meio independente que se assume como concorrente directo com o, por vezes elitista, Expresso agrada-me e parece-me trazer benéficos.
A prova disso foi a já lançada mudança de formato que o expresso fez, tornando-se mais prático em termos de manuseamento, antevendo a já esperada concorrência.
Parece-me que quem compra regularmente o Expresso o vai continuar a fazer, o Sol é realmente mais leve, usa uma escrita mais simples, é mais colorido e directo, penso que o seu público-alvo será um pouco diferente, eu atrevo-me a situá-lo no “leitor médio”. Acho que o Público, ou o Jornal de Notícias sentiram de uma forma mais intensa a concorrência nas edições de sábado.
Mas esta é ainda a segunda edição e o Sol ainda tem provas para prestar, apesar dos 200.000 exemplares vendidos no primeiro número. Aguardo por novas edições.

quarta-feira, setembro 20, 2006

"O Estrangeiro" de Albert Camus


”O Estrangeiro”, de Albert Camus

“Uma obra que marca a literatura do séc. XX e o pensamento de quem a lê. Decide-se aqui o destino de um homem que matou outro. Por causa do sol. Não há perdão nem arrependimento, só o absurdo.”

Estou mesmo nas últimas páginas do livro. Aquilo que começou por ser a descrição do dia a dia de alguém apático com a vida, desprovido de grandes pensamentos filosóficos e de sentimentos para com os outros, transforma-se subitamente na recta final do livro na história de um assassino.
E este assassino vai ser julgado não tanto pelo seu crime, mas mais pela sua falta de “alma”, pela sua apatia perante a vida.
Encontramos pois esta personagem pronta para cumprir a sua pena capital, a pensar em coisas fúteis e banais enquanto espera pela morte.
Um livro subtil na sua mensagem, na sua visão das pessoas e das suas vidas desprovidas de sentido e de sensações.
Este homem não tinha grandes afectos, não tinha sentido. Achava que na sua rotina pouco motivante não havia nada a mudar porque “Um homem acostuma-se a tudo”.
E a sua apatia pela vida e a sua falta de rumo acaba por desencadear um homicídio sem explicação plausível, sem remorsos.
Deixa-nos a pensar nos nossos pré-requisitos em relação aos sentimentos humanos, aqueles padrões de comportamento perante a vida que nós achamos que todos devemos ter.
Afinal há pessoas capazes de sentir e viver as coisas de formas diferentes, mais, há aqueles que não sentem nada. Este homem não sentia nenhuma coisa em concreto em relação à vida e matou sem saber porquê. Deve ser assim que são os terroristas, os assassinos, os violadores e todos os outros capazes de fazer horrores contra os outros seres humanos. Um retrato perturbante, quanto a mim um livro a não perder.

terça-feira, setembro 19, 2006



«As ilhas são lugares de solidão e isso nunca é tão nítido como quando partem os que apenas vieram de passagem e ficam no cais, a despedir-se, os que vão permanecer. Na hora da despedida, é quase sempre mais triste ficar do que partir».




«Quando, em Dezembro de 1905, Luís Bernardo é chamado por El–Rei D.Carlos a Vila Viçosa, não imaginava o que o futuro lhe reservava. Não sabia que teria de trocar a sua vida despreocupada na sociedade cosmopolita de Lisboa por uma missão tão patriótica quanto arriscada na distante ilha de S. Tomé».

"É assim que começa o livro de Miguel Sousa Tavares. Uma obra admiravelmente bem escrita (ao estilo de Eça de Queirós), comovente e perturbadora, uma análise da sociedade dos fins da monarquia portuguesa.Fruto de uma profunda investigação por parte do autor, este primeiro romance do jornalista, editado pela Oficina do Livro, é um verdadeiro retrato da cultura portuguesa nos inícios do século XX, das lutas políticas internas e externas, da vida nas colónias portuguesas, do comércio de escravos não admitido oficialmente. Para quem gosta da História de Portugal, para quem gosta de ler um bom livro... «Equador» é sem dúvida uma obra a ter na biblioteca pessoal. " SD.


«Equador», de Miguel Sousa Tavares, vai ser transformado numa série televisiva de 26 episódios que deverá ir para o ar no Outono de 2007.
A sugestão partiu do director-geral da TVI, José Eduardo Moniz, e constitui uma das grandes apostas da estação de Queluz no que toca à produção nacional, informa hoje a imprensa nacional.
A estreia da série ocorrerá por ocasião do 15º aniversário da TVI, que se celebra em Fevereiro.
Segundo os jornais, o acordo entre Miguel Sousa Tavares e a TVI foi assinado na quinta-feira e estabelece que tanto o autor como José Eduardo Moniz apareçam como figurantes na série.
Editado pela Oficina do Livro, «Equador» foi o primeiro romance de Miguel Sousa Tavares, e desenrola-se na antiga colónia de São Tomé e Príncipe.
In Diário Digital

Bem, ainda estou a pensar se isto seram boas ou más noticias. Li o livro, acho que é um livro brilhante dentro do seu género. A sua leitura é envolvente e deu-me aquela vontade de que ele nunca acabasse enquanto o lia.
Apesar de achar que dalí pode sair um belissimo argumento e seguidamente um boa encenação tenho um pouco de receio das adaptções novelisticas bem ao estilo da TVI.
Mas confio em Miguel Sousa Tavares e no seu bom gosto, e espero que este esteja sempre lá para "vigiar" e fazer com que o seu livro não se transforme em mais uma peça de "faca e alguidar" bem ao estilo das novelas pensadas por José Eduardo Moniz.
A ver vamos, sempre ouvi dizer que o dinheiro compra quase tudo, inclusive o bom gosto....
E quem manda ainda é a audiência que na sua maior parte nunca irá ler o livro, portanto há que o contar de forma simples, popular, novelistica. E lá se vai uma excelente oportunidade de produzir uma grande obra.

Alguém me arranja um trabalho, espera não, quero antes um emprego!!

Estas definições!!O português é bem traiçoeiro.
Já agora queria um ordenado em vez de um salário que soa assim a coisa pouca.
O mundo lá fora está um selva, e cada vez está mais perto a hora da verdade.
Acabam-se os cursos e o que nos espera? Horas e horas de volta de sites de emprego na net, currículos enviados para sitios que desconhecemos e esta sensação da inutilidade destes esforços, porque o mundo não está para aqueles que se esfolam, está ai para os que têm sorte.
Esta passagem forçada de o estado vivencial de quem estuda para a fase seguinte daqueles que existem no mundo com a função de trabalhar, receber dinheiro, pagar contas e ter responsabilidades constantes em relação a tudo isso não está a ser fácil, até porque as expectativas não são as melhores.
Lá se vai o tempo em que ter um canudo era sinónimo de estabilidade na vida, e principalmente de emprego certo. Hoje parece que este investimento pessoal e económico não passa de um desperdicio de tempo e dinheiro da nossa parte, porque após quatro anos de curso, não existem perspectivas de vida.
E lá se vai o sonho do jornalismo, o sonho de um bom ordenado, de ficar por Portalegre, de ter qualidade de vida.
O que faço? Desesperar não vale a pena, procuro, procuro. Tento sair da inércia e da depressão de não ver o futuro por entre a névoa.
Alguém me arranja por ai um emprego, e já agora um ordenado!

segunda-feira, setembro 18, 2006

Sympathy For Lady Vengeance (KOREA 2005) - Trailer

Em 1991, Lee Geum-ja (Lee), uma estudante de 19 anos, é condenada pelo rapto e homicídio de uma criança de cinco anos, num caso que emocionou a nação, com direito a cobertura intensa pelos media. É libertada da prisão depois de cumprir uma pena de 13 anos. Durante esse período, abraça a religião e as suas acções em prol das outras prisioneiras, sacrificando o seu tempo e algo mais, com uma dedicação inabalável, valhem-lhe o epíteto de "Simpática Ms. Geumja". Em 2004, sai da prisão com um plano para executar e um objectivo claro e bem definido: a vingança.
«Sympathy for Lady Vengeance» assinala o encerrar da chamada “Trilogia da Vingança” de Park Chan-uk, seguindo-se a «Oldboy» (2003) e a «Sympathy for Mr. Vengeance» (2002) (1). Sob um mesmo mote, Park criou um trio de thrillers apelativos, com uma fulgurante componente estética e um notável equilíbrio entre o design visual e a utilização do som e da música, sugerindo um perfeito controle do realizador sobre toda a extensão dos processos artísticos aplicados a cada componente da obra cinematográfica.

Se «Mr. Vengeance» interliga um trio de personagens cujos actos e decisões parecem ser controlados por uma entidade superior; uma vontade cujo plano eles cumprem sem o entenderem, «Oldboy» materializa tal vontade no corpo de um yuppie, um rico homem de negócios, cuja vida parece ser justificada pela concretização de um plano rigoroso no seio do qual Dae-su (Choi Min-sik) constitui a matéria-prima.

A complexa rede de infortúnios do primeiro filme e os requintes de sadismo na prossecução do objectivo por parte do mentor da vingança em «Oldboy», geram violência no limiar da suportabilidade — as personagens cegas pelo desejo de retribuição cometem actos de vincada crueldade.


Gostei muito deste filme, da triologia este é o que mais interesse me despertou.
Gosto sobretudo da fotografia, acho que os filmes orientais tem sempre um exuberancia visual diferente dos outros. Depois esta história, o modo cruel como ela é contada vai fundo dentro do ser humano, daquilo que ele tem de mau, daquilo que todos temos de mau e não sabemos, aquela coisa que nos surgue sempre em qualquer ponto da vida, a sede de vingança. Quanto a mim a não perder.

quinta-feira, setembro 14, 2006

Nova estação, novos hábitos, novos cheiros...

Já choveu. O céu já se cobriu de negro, já vesti um casaco.
O Outono adivinha-se. Os cheiros adensam-se pelas ruas, daqui a pouco pairará no ar o cheiro das castanhas assadas, o cheiro das folhas caídas pelo chão misturado com o de novas ervas que vão despontar da humidade ressente.
Iniciam-se novas etapas, novos anos escolares, troca-se as roupas ligeiras pelos casacos que guardamos no sótão, pensa-se nos dias que se encurtam, na preguiça dos fins de tarde nocturnos.
Troca-se as esplanadas apinhadas pelos interiores fumarentos dos bares, a disposição de sair pela de ficar em casa.
Comem-se sopas quentes em vez de saladas frias, bebe-se uma bebida branca forte em vez da refrescante cerveja.
Põe-se mais um cobertor na cama em vez de se chegar o lençol para trás, fecha-se as janelas para evitar os ventos em vez de as escancarar para entrar a brisa.
Muda-se… Procura-se pelos velhos hábitos que perdemos com o início da Primavera, saboreia-se um chá quente junto à janela enquanto se vê chover.
Não sei de qual estação gosto mais, sem dúvida que a chegada de frio me perturba mais que a chegada do sempre esperado calor de Verão.
Mas o Outono tem cores lindas, cores terra espalhadas pelo céu, dourados, pores-do-sol cheios de nuvens, dias com temperaturas ambíguas que nos arrepiam e aquecem ao mesmo tempo. O Outono tem cheiros, muitos cheiros a terra molhada, a terra molhada com folhas de eucalipto quando estou em Grândola. A castanhas assadas com o cheiro da pedra da calçada, com o cheiro de tantas pessoas encharcadas que passam na rua quando estou em Portalegre.
O cheiro a erva molhada, a pasto e a lume na salamandra quando estou no Cartaxo.
A minha mia fica mais fofa, mimosa pede mais festinhas. Os campos dourados de secos tornam-se verdejantes.
Não é lindo o Outono?È lindo à vista. E as chuvas de Outono, daquelas em que ao fim da tarde aparece o sol e nos mostra o mundo molhado, limpo e cheio de cores fazem sem dúvida o mundo cheirar bem…

Smog - Rock Bottom Riser

Depois digam-me se esta musica não é linda....

quarta-feira, setembro 13, 2006

Lou Barlow - Round-n-Round

Tambem gosto muito deste senhor!

Festival Musicas e danças do Mundo de Portalegre


Começa hoje!

terça-feira, setembro 12, 2006

A estupidez dos Homens

Não sou de me emocionar com imagens, não me conheço por ter coração de manteiga. Mas estas imagens tão repetidas esta certeza do sofrimento alheio, do terror que deve ser, o terror que se deve sentir ao saber que se vai morrer, toca-me, e durante o dia de ontem várias vezes me vi à beira das lágrimas.
Nunca acreditei neste lado ruim que os homens me mostram. Quando era mais criança achava sempre que os crimes que via nos filmes eram apenas fruto da imaginação de alguém, porque para mim não existia esse lado negro, esse sadismo de querer ver os outros morrer.
Mas existe, e o 11 de Setembro é uma prova de que tudo aquilo que existe de bom no ser humano, existe também de mau.
Seja quem for que maquinou aquilo, seja com que razões se explicou a si mesmo, para mim é inimaginável, sinto impossível que exista alguém assim.
Talvez seja apenas ingenuidade minha, talvez...
Mas aperta-me o coração pensar que tantas pessoas sofreram ali, assim como me aperta o coração pensar em tantas outras que sofrem de terrores iguais pelo mundo fora, e que o sofrem todos os dias.
Não sou de me emocionar, mas sinto-me deprimida com estas imagens, sinto-me tocada.
Amanha passa, passa para mim como passa para todos como se fosse uma simples dor de cabeça, e quem sabe para o ano por esta altura lá apareço eu a relatar a minha comoção.
O que não passa e parece que cada vez mais cresce é mesmo a estupidez dos Homens, a sua ganância, a sua falta de amor, não sei quem serão estes Homens mas com certeza não lhes devia ter sido dado o direito de existir...

sexta-feira, setembro 08, 2006

O diletantismo


A única definição que li até hoje capaz de explicar estas coisas foi-me dada pelo mestre Eça de Queiroz em “Os Maias”.
Em” Os Maias”, Carlos Eduardo sofria de “diletantismo”, ou seja, a sua cabeça fervia em ideias e como Carlos Eduardo tinha possibilidades dava inicio a muitas delas. Mas esta personagem era um “Dandy”, por isso mesmo incapaz de se empenhar a sério no que quer que fosse. Carlos Eduardo da Maia gostava de aproveitar a vida, e sonhava com os dias em que os seus projectos se tornassem realidade, só não estava muito disposto a trabalhar para isso.

Às vezes sinto-me assim, e pior, sinto o mundo todo à minha volta assim. A girar como satélites em volta de ideias e utopias, a pintar quadros de maravilhas e por fim a afundar-se num mar de diletantismo profundo em que as ideias não passam de ideias e em que os projectos se arrumam na gaveta, e em que depois das possibilidades se acabarem se fica na mesa do café a pensar naquilo que poderia ter sido!

Não existe por ai nenhuma vacina para este mal do mundo moderno?
Não existe por ai um meio de nos fazer acordar e tomar nas mãos as rédias das nossas ideias e pô-las definitivamente a funcionar?

Algo que obrigue aquela pessoa que escreve tão bem a acabar o livro, que faça o empregado infeliz abandonar o seu posto de trabalho e empenhar-se no sonho da sua vida, algo que nos faça fazer um esforço por algo com prazer?

Queria mesmo encontrar esse algo para mim e para os que estão perto de mim, para quando me dão os momentos criativos eu em vez de ficar com os cotovelos em cima da mesa do café e olhar perdido em algum ponto da parede a imaginar o que seria e me levante e ponha tudo a mexer, e me mexa, e acabe de vez com esse vírus que se instala, a porra do diletantismo!

quinta-feira, setembro 07, 2006

As Horas



Um dos meus filmes favoritos que me levou a ler Michael Cunningham, que me levou até Virginia Wolf, enfim, abriu-me horizontes.

Nunca me canso de o ver, faz-me pensar na efemeridade da felicidade nas suas várias formas. Faz-me sentir um medo incrível das grandes decisões, dos condicionalismos que a vida nos impõe, na coragem e egoísmo que de vez em quando a vida nos pede para ter.
Uma excelente bando sonora, para mim uma boa fotografia, e principalmente um hábil encadeamento das histórias e uma excelente adaptação do livro homónimo de Michael Cunningham.

Já não é uma novidade, mas fica a sugestão

As Horas/The Hours

Realizado por: Stephen Daldry, EUA 2002 Cor – 115 min.
Com: Nicole Kidman, Julianne Moore, Meryl Streep; 1923: Stephen Dillane, Miranda Richardson; 1951: John C. Reilly, Jack Rovello, Toni Collette; 2001: Ed Harris, Allison Janney, Claire Danes, Jeff Daniels


terça-feira, setembro 05, 2006

Bonnie 'Prince' Billy

do albúm que ando agora a ouvir.

Morphine - Buena

A minha banda favorita...

segunda-feira, setembro 04, 2006

saudades......

Um dia expliquei a uma Lituana o que era a saudade. Expliquei-lhe que não havia equivalência para a nossa palavra em nenhuma língua, porque a saudade era uma maneira de viver. Porque a saudade é uma nostalgia intrínseca, desconhecida que se apodera de nós. E nós sentimo-la e vivemos com ela sem reclamar, porque a saudade é boa. È uma tristeza diferente, é sentir falta sem sentir. Na maior parte das vezes temos saudades de situações, de pequenos pormenores e sabemos sempre que isso não vai voltar por isso sentir saudades é recordar é reviver, é sentir coisas que já não existem como se elas estivesse mesmo ali, perto de nós.
Sinto umas saudades involuntárias quando olho o horizonte, quando vejo chover, quando ouço uma música bonita, quando fico só...
E não sei do que sinto falta, e por vezes reparo que não sinto falta de nada, que está tudo ali... E então sei que as minhas saudades são completamente egoístas e que quando chove e eu passo a tarde a contemplar o vazio do céu escuro, sinto falta de mim, daquilo que fui, daquilo que poderia ter sido e daquilo que quero ser... È uma nostalgia aflitiva, esta certeza de só se viver uma vez cada segundo que passa por nós...
Então quando remexo caixas e fotografias, quando vejo resto de outras minhas vidas sinto saudades, sinto saudades de pessoas, de situações, de pormenores.... Sinto estas saudades de coisas que não vão mais voltar, de coisas que eu não quero de volta. Viajo... e no fim da viagem percebo, não é do resto do mundo que eu sinto saudades... Sinto saudades é de mim...

sexta-feira, setembro 01, 2006

O disco que ando a ouvir...



The Letting go - Bonnie Prince Billy

Uma sonoridade capaz de nos fazer viajar para paragens desconhecidas dentro de nós próprios...

Tem de se ouvir para se perceber...