sexta-feira, março 30, 2007

A sexta-feira é um dia lindo!

Acorda-se de manha e há todo um sentimento de possibilidade…
Sabe-se que ao fim do dia ficaremos livres, que os próximos dois dias serão utilizados como nos apetecer, simplesmente livres…
Hoje sexta-feira sinto-me leve, esperam-me ainda algumas horas de solidão a percorrer o asfalto, mas hoje é diferente.
A hora mudou e eu poderei ainda ver o pôr-do-sol sobre a planície ainda verdejante do Alentejo…
Poderei ainda abrir a janela do carro e apreciar o vento fresco cheio de cheiros a erva fresca, a mato, ao pôr-do-sol ainda frágil por entre as nuvens mas que lembra as cores de um Verão já anunciado.
E depois, já noite ainda a quilómetros de distância anuncia-se, pintalgada de luzes no sopé, a Serra de São Mamede, para mim, ainda a quilómetros é como se estivesse já em Portalegre. È como se estivesse já a abrir a porta de casa.
Aí o meu espírito abranda, a velocidade do carro diminui e eu vou ao sabor do vento, embalada por um sorriso, com a certeza absoluta que estou no sitio onde devia estar, um sentimento de paz enorme atinge-me…

quinta-feira, março 29, 2007

Prison Break Season 2 Trailer

Mal posso esperar para ir para casa ver mais um episodio.
Esta serie é viciante!

quarta-feira, março 28, 2007

Caís do Sodré...

Imagino que estas ruas devem estar cheias de histórias por contar, que por detrás de cada janela emparedada em tijolos, de cada telhado desabado há um romance...

Imagino o vibrar do chão quando passava o electrico, e o cheiro a maresia ao fim da tarde.
Visualizo o burburinho da noite, o entra e sai daqueles bares ilustrados por neons coloridos, enquadrados em veludos vermelhos.
Vejo tudo isso, o Caís do Sodré devia ser vida.
Hoje, a meus olhos é apenas ruinas, de casas abandonadas, de ruas escuras, de pessoas perdidas...
Os neons estão lá, as cores é que não são mais garridas.









quinta-feira, março 22, 2007

Uma reinvenção de um texto anterior, desta vez pela necessidade de lhe acrescentar núcleos narrativos. As coisas que aprendemos na escola! E o trabalho que isto dá a fazer! Divagar e não dizer nada em concreto apresenta-se como uma tarefa bem mais simples....
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Saiu era já tarde. Disse boa noite ao porteiro e afastou-se do edifício com dificuldade, chovia e estava realmente muito vento.
Hoje Helena sentia-se realmente perturbada, exausta. Ainda não tinha conseguido perceber o porque de se sentir assim. O certo é que havia sido um dia difícil cheia de constantes mal entendidos com os seus colegas de trabalho e problemas de difícil resolução. Helena era uma mulher prática, apesar de na maior parte das vezes parecer viver noutro mundo, detestava conversas de escritório sobre o trabalho e a vida dos outros, no fundo, apesar da sua posição era uma inadaptada naquele ambiente. Não teria sido aquela a sua escolha de vida, mas o rumo natural dos acontecimentos, a sua inabilidade para enfrentar situações desconfortáveis ou para tomar decisões difíceis levaram-na a seguir os sonhos dos seus país, e ali estava ela, advogada seguindo as pisadas do avó, sendo o orgulho dos outros, sendo ao mesmo tempo infeliz com o que fazia.
Dirigia-se ao carro, procurava atrapalhada pelas chaves que haviam de estar algures dentro da mala, lutava consigo mesmo para não deixar cair a papelada que carregava, para o chão. A rua estava deserta. Apercebeu-se do tarde que era, pensou que não tinha jantado.
Viu a sua colega Maria que também se dirigia para o carro, saiu depois de si, mas Maria era mais ágil e dinâmica, Maria tinha por que ir para casa.
-Até amanha Helena! Despacha-te mulher que está um grande temporal! Espera que eu ajudo-te, passa-me a pasta para procurares essas chaves! – Disse Maria chegando perto do carro de Helena.
Helena agradeceu, e Maria continuou a falar com o seu ar despachado.
- Já vistes a horas que são, mal tenho tempo de ver os miúdos antes deles se irem deitar. E o Júlio já anda a ficar chateado com estes atrasos. Temos de acabar com estas reuniões tardias, ainda por cima quando elas só acontecem por falta de profissionalismos de terceiros.
Maria teria ficado ali a debitar frases sobre o atrasada que estava, e o chateada que estava com o resultado da reunião não fosse Helena ter finalmente encontrado as chaves.
-Obrigada Maria por me segurares a pasta, ficava a conversa contigo, mas temos de nos abrigar, está a começar a chover mais forte. Disse Helena despedindo-se e entrando para o carro. A amiga afastou-se ainda balbuciando sobre a reunião e depressa desapareceu no escuro da noite.
Helena ficou só, ligou o carro, depois as luzes e logo de seguida os limpa-para brisas. A noite fechava-se, Helena iniciou então a viagem. Avançou devagar pela noite, sentia-se exausta. Ia ainda a pensar na sua amiga Maria e na sua vida agitada, no seu par de filhos e no seu marido sempre atencioso. Viu de novo as horas, pensou em jantar e ai viu claramente a sua chegada a casa. Aquela sua casa de sempre, vazia.
Ninguém a esperaria para jantar, ninguém lhe abriria a porta, e no seu prédio antigo ninguém apareceria para lhe segurar a pasta até encontrar de novo as chaves perdidas na mala. Já se via com o seu ar desajeitado e desgrenhado pelo temporal em frente à sua porta, a resolver a mala, a perder as folhas de papel e a implorar por um pouco de descanso para si.
Continuava a viagem lentamente, parou agora num sinal vermelho. Não lhe apetecia seguir para casa, nem para lado nenhum em especial. Não sabia o que haveria de fazer consigo.
Assim ficou até que o carro que estava atrás de si apitou nervosamente. Tinha de decidir por onde ir, continuava a chover, não queria ir para casa sozinha, não tinha mais para onde ir. Encostou o carro no primeiro sitio que encontrou e deixou-se ficar. Ficou a remoer o seu penoso dia, os últimos anos, ficou a tentar perceber o que tinha deixado para trás e onde. Hoje sentia-se triste, apetecia-lhe ser outra pessoa qualquer.
No meio da sua distracção enquanto vagueava por aquele mundo que construíra só para si, algo de estranho se passava lá fora, um silêncio diferente do comum envolvia a noite.
Ao fundo junto ao poste da luz um casal debatia algo calorosamente, mas ao mesmo tempo de um modo suspeito. Deteve-se naquela imagem por segundos. O que discutiriam duas pessoas à aquelas horas no meio do temporal?
Porque pareciam tão estranhos? – Perguntou-se.
O certo é que não conseguiu desprender-se daquela esquina. Deixou-se da sua melancolia, foi como se entrasse na vida dos outros. Abriu até um pouco a janela na tentativa de ouvir alguma palavra solta trazida pelo vento, conseguiu perceber que a conversa inicial azedava, que neste momento estava já a ficar feia.
Foi nesse momento que apareceu um terceiro elemento que os deixou petrificados.
De concorrentes acessos na conversa anterior passaram a falar em sintonia.
Mas o outro homem parecia inflexível, nervoso, e mesmo antes que Helena pudesse sequer reflectir sobre o que estava a ver o homem caiu redondo no chão tomado pelo que lhe havia parecido um tiro. Fora um som abafado, não tinha a certeza, mas a única reacção de Helena foi esconder-se, baixar-se o mais possível no seu banco e tentar não ser vista.
Conseguiu perceber que fora apenas um tiro, e que de seguida houve um grito feminino abafado, mas poucos segundos depois a rua estava de novo deserta, apenas se ouvia a chuva e os carros apressados do outro lado.
Tomou coragem e espreitou pela janela, Helena viu o corpo abandonado no chão, abriu a porta e correu até ele, tomou-lhe o pulso, nada mais havia a fazer.
Sentiu então uma revolta enorme. Não percebera o que se havia passado ali.
Estava ela a lamentar a sua triste vida de solitária, ela a ver-se na sua atrapalhação enquanto isso aquele pobre homem morria e sabe-se lá qual seria o destino daquela mulher.
Voltou ao carro e telefonou para o 112 a dar conhecimento do que se havia passado.
Voltou para junto do corpo e ali ficou observando o rosto ainda jovem e ainda com traços de vida.
Como aquilo poderia ter acontecido na sua frente? Pensou. “Como não pode eu fazer nada!”
Conhecia bem o sistema judicial, e nesse momento percebeu que aquele havia de ser só mais um crime indesvendável para cobrir as páginas de jornal.
Ai percebeu que o acaso a havia levado ali por qualquer motivo, e esse motivo era salvar a mulher que havia sido levada, era fazer justiça aquele homem.
Não sabia os motivos que levaram àquela morte. Mas para ela ninguém por pior que fosse merecia morrer.
Helena ficou ali sentada, junto ao corpo, encharcada pela chuva da noite esperando pela chegada das autoridades.
Dentro da sua cabeça foi-se desenhando um mundo de coisas e de possibilidades.
Helena percebeu que estava naquele sítio naquela hora para ver aquilo.


Depois de toda a confusão, interrogatórios, policia, jornalista e afins, voltou para sua casa.
Ia encharcada, meteu-se na banheira e ficou dentro da água quente durante um longo tempo.
Ai pensou, e pensou, não conseguia perceber tudo aquilo.
A misteriosa mulher não havia ainda aparecido, ainda não se haviam encontrado razões para o acontecido.
Matutou naquilo, revolveu a sua mente, sentia-se ligada àquilo, sentia uma necessidade de respostas, de explicações.
Deitou-se ainda a pensar no sucedido.
Levantou-se com aquela sensação de que não dormira.
Tomou o pequeno-almoço apaticamente enquanto lia os jornais.
O crime era manchete. Sentiu ainda mais sede de desvendar o mistério.
Decidiu ali que iria pesquisar, só por curiosidade, tentar saber quem eram os protagonistas.
Sentiu um formigueiro pelo corpo, sentiu-se excitada com a possibilidade de se meter em algo perigoso.
...

terça-feira, março 20, 2007

The Doors "Love Me Two Times"

1967 - 2007 - esta semana na antena 3, de 2ª a 6ªfeira, pelas 22h, cinco programas dedicados em exclusivo aos The Doors*

quinta-feira, março 15, 2007

Que leitor sou eu?

(1º exercicio, de leitura obrigatoria e embaraçante perante desconhecidos em sala de aula com cadeiras dispostas em circulo, ninguem me contou que isto era assim!)

Procuro diferentes vidas
Sítios onde não fui
Sentimentos que não vivi
Maneiras de ser desconhecidas

Procuro me libertar
Ser eu sendo outra pessoa
Viver através de outro olhar
Sentir, perceber como a vida pode ser boa

Procuro me abstrair
Sair de dentro de mim e estar noutro lugar
Procuro aprender, chorar e rir
Procuro uma forma simples de sonhar

Procuro perceber as incondicionais verdades
Escondidas no pensamento das personagens
Conheço-me conhecendo outras personalidades
Através dessas longas e inventadas viagens

segunda-feira, março 12, 2007

1º dia de aulas

Tantas vezes a experiência passada, tantas salas novas depois, tantos rostos intimidantes já vistos, supunha que esta vez haveria de ser bem mais fácil…
Mas não. Ali estava eu nervosa e com um friozinho no estômago à espera de entrar para a sala e encarar rostos desconhecidos e avaliadores, que na maior partes das vezes se estão nas tintas para nós, mas que na nossa cabeça não param de nos fixar atentamente, como se não houvesse mais nada na sala.
Depois vem o embaraço da apresentação. “Eu sou a Ângela…blá, blá, blá…”. Aqui ou se fala pouco e mal, ou muito e bem ou nenhumas das coisas anteriores. De qualquer maneira corremos sempre o risco de parecer simplórios, arrogantes, armados em espertos e tantas outras coisas que mais, que nós próprios pensamos sobre os outros…Aquela crise!
Detesto falar em publico, tremem-me as mãos, gaguejo e o pior é que só me lembro das coisas maravilhosas que podia ter dito depois de me ter calado e passado a vez.
Diria que até correu bem…
Mas lá estava eu, como uma criança assustada para o primeiro dia de aulas…
Pergunto-me será que algum dia me vai passar esta coisa, este desconforto perante pessoas estranhas?!
Ou isto é mesmo maneira de ser?

quarta-feira, março 07, 2007

Saiu era já tarde. Chovia, as luzes espelhavam no chão molhado, os limpa-parabrisas entravam incessantemente no campo de visão, a cidade parecia mais só e vazia apesar de cheia de carros nervosos pelas ruas.
Aquele havia sido um dia difícil, de más memórias. O trabalho durou até tarde, as chatices foram muitas, as recordações, os desenganos vieram para ficar. Sentia-se exausta. Exausta de tudo e de todos. Viu-se ali, no seu carro, no escuro da noite por entre a chuva, desesperou lentamente. Chorou. Primeiro uma lágrima frágil e envergonhada, depois compulsivamente, descontroladamente. Sentiu-se mais só que nunca, mas triste que nunca, mais sem certezas, sem qualquer certeza a não ser o seu rol de duvidas, de mistérios e de erros.
Ali, por entre lágrimas, por entre a chuva, dentro do seu carro velho apeteceu-lhe genuinamente morrer. Morrer não no sentido do fim da vida, mas morrer enquanto aquela pessoa. Morrer da maneira como se conhecida.
Deixar-se simplesmente dormir e acordar de manha noutra cama, noutro sítio, com outras pessoas e outras responsabilidades. Deixar simplesmente de ser quem era e ser ela mesmo sendo outra pessoa, vivendo outra vida.
Queria não ter aqueles pesos em si. Aquelas satisfações para dar, aquelas pessoas a quem contentar, aquele código de comportamento implícito, aquela vida dependente de tantas outras vidas, de tantas opiniões, concelhos e avisos.
Queria simplesmente ser só.
Queria estar numa vida diferente, queria que aquela sua vida morresse, queria viver outra.
Não queria sentir tudo aquilo. Pensou “Isto é apenas porque me sinto cansada, porque o dia correu mal, porque vou chegar a casa e me sentir sozinha, não vou gostar do jantar, vou-me aborrecer com o zapping televisivo e quando der por mim serão horas de dormir, e depois horas de acordar, e depois estarei novamente no sitio de onde venho, com a triste sensação de que acabei de sair dali. Sim, choro de exaustão. Choro…" Talvez chorasse por se sentir infeliz. Talvez as escolhas difíceis, as escolhas livres não fossem nunca livres, talvez ela no meio da exaustão percebesse, que nada do que livremente escolhera fora livre e por isso as suas escolhas não eram felizes…
Ela não era feliz também.
Acalmou-se, a viagem estava preste a chegar ao fim. Sairia do carro recuperada do seu devaneio. Sairia confiante em si, disfarçaria o seu ar inchado de chorar com a desculpa do trabalho, daria de si a imagem competente, confiante, prospera que o mundo esperava. Estaria ali para as suas escolhas como uma fortaleza, aquela fortaleza capaz de proteger tudo, menos a real liberdade.
Quem sabe essa nova convicção duraria até deitar a cabeça na almofada e sentir-se de novo só, frustrada na escuridão.
Quem sabe duraria até ao próximo dia exaustivo e deprimente.
Quem sabe se poderia durar para sempre, como uma reinvenção de si mesma. Poderia ser essa a vida que necessitava.
Ser rocha, ser pedra fria e não deixar-se mais levar pela emoção, pelas noites escuras, pelo cansaço.
Talvez, não poderia matar-se enquanto ela identidade, talvez se pudesse matar enquanto ser emocional.
Pensou. “Se não chorar mais sozinha no meio do trânsito quer dizer que sou feliz? Pelo menos pode querer dizer que não sou triste!”
Talvez chegasse…
Saiu do carro pronta a encarnar-se de novo, sentiu o ar frio da noite no rosto, secou as lágrimas. Continuou com aquela triste sensação.
Não, não chegava matar-se emocionalmente. Nunca chegaria. Teria mesmo que se matar enquanto identidade para o mundo. Teria que ser outra pessoa, queria ser outra pessoa, era imperativo.
Sorriu á noite, deixou cair a chave do carro para o chão, deixou a porta aberta e afastou-se lentamente sem rumo certo, sem certezas de nada.
Avançou na escuridão até se confundir com tudo o resto, até desaparecer.
Foi com um enorme sorriso, sentiu-se livre, livre, completamente livre…
Sabia que não importava o resto…Não importava como seria. Naquele momento sentiu-se completamente feliz…
Matou-se enfim.